segunda-feira, 19 de março de 2012

Um Tributo à Domitila

 Mulheres políticas da América Latina


Domitila Barrios de Chungara, a ativista boliviana que lutou contra a opressão e o capitalismo (embora muitas vêzes isso não passe de redundância), perdeu a luta contra o câncer no dia 14 de março.
Foram 75 anos bem vividos: ela enfrentou e sobreviveu a quatro períodos de ditadura, fez greve de fome e ajudou a derrubar a ditadura de Hugo Bánzer. Foi exilada  com seus 7  filhos durante o governo de Luis Garcia Mesa. Durante o Massacre de São João, grávida de 8 meses, foi torturada e entrou em trabalho de parto. Perdeu o filho e o medo. Entendeu que a luta era seu destino, e se jogou nela de corpo e alma: "A raiva impulsiona, não paralisa", dizia ela.
Movida por essa raiva contra os exploradores de seu povo, ajudou a explodir bananas de dinamite nas ruas da Bolívia contra a privatização da água e do gás.
Fundou uma escola de formação política em Cochabamba, onde ensinava que a luta fundamental é a política.
Vítima de discriminação por ser mulher, enfrentou e venceu o preconceito afirmando sempre que  a discriminação contra a mulher tem um objetivo claramente  político. Filha e espôsa de mineiros, Domitila tinha orgulho de sua origem indígena e da classe, dizendo que com suas dinamites, o trabalhador mineiro boliviano ressurge sempre.
Não sei se o corpo de Domitila foi enterrado, ou cremado, nossos meios de comunicação (ou seriam veículos de despejo dos interesses capitalistas?), não informaram. Aliás, esperando uma informação sobre a morte de Domitila assisti parte do noticiário, mas desisti depois de contar 8 reportagens sobre os Estados Unidos que não tinham qualquer ressonância na América Latina. Exausto  pela overdose de Barbies não consegui esperar por uma mulher de carne, ossos e têmpera. O que me assusta é que ela some assim, sem qualquer menção, como se a luta dela não tivesse a cara de toda a América Latina. O que me conforta é que apesar dos esforços para que não vejamos nosso reflexo no espelho de Domitila, sua voz ainda ecoa nos sacudindo para a luta.
Faço minhas, as palavras dela:-"Tentaram apagar tudo esparramando as brasas e o que fizeram foi multiplicar o fogo.”















.






Nenhum comentário:

Postar um comentário